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Me redescobri e superei um relacionamento abusivo com ajuda das lace wigs

“Carência é um péssimo aferidor para relacionamento amoroso”: é com essa frase que Claudia Santos já começa a entrevista que nos fez conhecer uma mulher forte inteligente que faz dos seus cabelos, uma forma de autodefesa. Livre de um relacionamento abusivo há três anos, ela nos conta como superou a violência e a dependência emocional, falando do papel que o cuidado com a própria beleza teve nessa jornada.

“Abusivo do começo ao fim”

Logo nos primeiros meses de casamento, Claudia viu o abuso se tornar o principal elemento da sua relação, mas a dependência emocional tapou seus olhos para a realidade. “Jamais devemos entrar em um relacionamento por carência”, hoje afirma. Para ela, a vontade de ter alguém e a cobrança do sucesso no campo afetivo faz com que, principalmente as mulheres, se sintam obrigadas a minimizar atitudes desrespeitosas de seus parceiros. Foi o que aconteceu com ela. Foram cerca de dois anos de relacionamento – entre idas e vindas – que tiveram o abuso e o envolvimento dele com drogas como elementos. A violência, além de física, era psicológica. Claudia teve sua liberdade restrita e viu seu contato com a própria mãe ser diminuído. “Eu não tinha liberdade de falar com a minha família, vestir roupas que eu queria, ter amigos, me desenvolver profissionalmente”, conta.

“Os melhores anos da minha vida”

O relacionamento tomou a vida de Claudia durante a fase de seus 25 anos aproximadamente. Com ele, ela teve um filho e, ao lado de seu agressor, envelheceu dez anos em dois. As pessoas ao redor comentavam seu abatimento e se preocupavam. Ela, vítima do sofrimento, não conseguia encontrar a autoconfiança necessária para dar um basta. “Eu me achava feia, olhava no espelho e não gostava daquilo que eu via”. Claudia só encontrou forças para deixar o relacionamento depois de um grave episódio de agressão em que achou que seria assassinada. Naquele dia, saiu de casa “com a roupa do corpo” e resolveu mudar de vida. Com a ajuda de familiares e amigos, se redescobriu.

Redescobrindo a própria força e beleza

De volta ao seio da família, Cláudia usou o trabalho e a beleza como formas de se reconstruir. Ajudada por uma amiga, aprendeu – pela primeira vez na vida – a cuidar de si. O cabelo, que tinha sofrido com as agressões do ex-marido foi essencial nessa redescoberta. Em um dos episódios de violência, o agressor chegou até a arrancar um tufo de seus cabelos. Abuso esse que doeu física e psicologicamente. Na época, Claudia usava as mechas longas e naturais, mas sempre amarradas. Depois da agressão, foi obrigada a adotar um corte curto, o que prejudicou ainda mais sua autoestima. Logo quando despertou para o mundo da beleza, começou a usar apliques e pintar o cabelo, inspirada pelo visual da diva Beyoncé. Não se adaptou muito bem ao megahair e em pesquisas na internet, descobriu o segredo da cantora: as lace wigs.

O cabelo

Orgulhosa da própria negritude, Claudia escolheu ostentar um cabelo crespo, a peruca Kely, que, para ela, representou um marco. De lace wig na cabeça e seguindo o exemplo que outras mulheres poderosas, passou a se caracterizar, se entender e se orgulhar realmente de sua identidade negra. “Quando eu comecei a perceber que a minha beleza não era uma beleza padrão, que cada pessoa tem a sua beleza, a minha vida mudou”, afirma.  

Eu passei a me sentir intelectualmente, emocionalmente, espiritualmente como uma rainha negra. Ganhei contato com a minha ancestralidade, amo usar adereços, como o turbante, que acho uma coroa.

  Hoje, a paixão é tanta que Claudia tem três perucas: duas Kelys e uma Fabiana e está há um ano andando de lace wigs por aí. Da paixão abusiva de antigamente ficou só o aprendizado: “Superei e hoje não me causa mal falar dele, nem relembrar”.    
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