Rainha pioneira do carnaval da Bahia. Mulher que marcou época e rompeu padrões de gênero sendo a primeira puxadora feminina de trio no carnaval baiano. Percursora do axé e cheia de axé, Laurinha Arantes tem nos seus cabelos uma das armas mais poderosas de domínio do palco. Nascida em Salvador, mestiça de brancos, índios e negros, Laurinha cresceu com cachos soltos, jeito combativo e paixão pelo cantar. De humor sem igual e voz inconfundível, seguiu seus sonhos até ser a primeira puxadora de bloco da Bahia com a banda Cheiro de Amor. Considerada uma das pioneiras da música baiana, Laurinha cultiva no coração a filosofia de liberdade, fraternidade e luta ancestral. Na sua arte e estética, não poderia ser diferente. Acostumada com cachos livres, que faziam conjunto a sua beleza tipicamente brasileira, a artista viu, junto com o passar dos anos, seus cabelos perderem força e personalidade. Em determinada idade, os caracóis já não apresentavam a mesma vitalidade de antes, ao contrário de Laurinha. Ela, então, acostumada a responder aos problemas com uma boa dose de jogo de cintura, achou que pela primeira vez na vida a solução seria alisar as madeixas.

“O cabelo dá vida, dá alegria.”

  No início, o alisamento pareceu ter sido a solução ideal, mas quem é acostumado a se amar ao natural não se adapta facilmente a outra realidade. Alisar os cachos causou queda no cabelo antes tão bonito. “Eu botava um figurino e quando me olhava, não gostava. Derrubava qualquer produção”, conta a artista. Foi então que recorreu ao turbante e só depois conheceu sua verdadeira paixão: as lace wigs. Acostumada a ser uma formadora de opinião, Laurinha não se fez de rogada: assumiu o uso de perucas para incrementar o visual e logo se disse “viciada em lace wigs”. Hoje, as amigas Taís, Elena e Cris são suas melhores amigas na hora de subir aos palcos. Para ela, o cabelo empodera, é importante em sua expressão como artista e fez com que ela se amasse mais durante a maturidade.

“As lace wigs foram divisores de águas na minha vida madura”

  Hoje, com a alegria de quem chega no sapatinho seja no axé ou no samba rock, Laurinha transita entre os cabelos – do curtíssimo ao crespo – mostrando que não há barreiras quando o assunto é o amor próprio e a arte no coração. Viva a cabeleira dessa figura da música brasileira!